Eu me escondi por ter medo de mostrar as minhas fraquezas. Me escondi porque queria me refazer. Gosto de ser inteira, de sorrir, de dar o meu melhor para quem cruza o meu caminho. Mesmo estando quebrada, eu sorrio. Um sorriso frio, distante, fingindo. Mas um sorriso. Eu me arrebentava por dentro, mas nos lábios, na parte externa havia nos lábios aquela felicidade simulada, porque esse era o meu melhor. Eu me escondi por não suportar a dor. Me mantive distante por não querer demonstrar a minha dor. Juntei os pedaços de mim mesma, do jeito que eu pude. Criei as redomas ao meu rador. Fugi. Sem vergonha de assumir eu fugi. Precisava me recompor, me reencontrar, me aceitar. Eu carregava a vergonha dos abusados. Mesmo sabendo que a vergonha deveria estar no abusador. Sentia a humilhação e sordidez corroer minhas entranhas. Eu sabia que aquele sentimento não me pertencia, e por mais racional que eu tentasse ser, de alguma forma, eu não conseguia. A culpa não era minha. Mas ela me dominava, me afundava, me sufocava. Eu sabia, mas não conseguia evitar. Só que o Universo cobra, cedo ou tarde, sua alta fatura. E um dia eu sorri. Um sorriso tosco, porém verdadeiro. A laço na corda que puseram em meu pescoço, com as voltas do mundo, parou no pescoço de quem quis me enforcar. E eu sorri, de verdade. De novo. Ergui minha cabeça, juntei os meus cacos, guardei as minhas mágoas e sorri. Me refiz, não por inteira, não por completo, nunca mais serei. Mas eu sorri. Brindei as voltas que o mundo da. Brindei a justiça da energia. Brindei ao novo dia. Brindei ao meu novo sorriso. Um sorriso tosco, eu sei. Mas novamente verdadeiro.
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