Raiva. De todos os sentimentos que conheço, sinto e vivo o da raiva é o que mais me preocupa. Faz a gente ficar com vontade de ser cruel. De magoar o outro propositalmente. Simplesmente pelo fato de tentar aliviar a angustia que tranca a garganta.
A raiva pode nascer de um fato isolado ou de uma convergência de acontecimentos. Normalmente ela chega e invade. Não vem em doses homeopáticas como outros sentimentos. Ela chega, se abanca e fica um tempo ali. Te tentando a apunhalar o outro. Implorando pra que você comece a terceira guerra mundial. E pior: te encorajando a usar as armas mais cruéis.
Quem nunca se sentiu assim que atire a primeira pedra. Esse sentimento tão ruim pode surgir por uma pessoa, um fato, uma coisa, um lugar ou até mesmo, e talvez pior, por si próprio. E não adianta. Não tem meditação, mantra ou reza que faça ela sumir. Quando some, some. Ou então se mascara pra aparecer mais tarde, com mais força e maior virilidade.
A raiva consome. Faz com que todos os pensamentos sejam de vingança. Não encontra alivio enquanto não se expande pra fora do ser. Martiriza a todos, mas principalmente quem a sente. Vem e vai. Mas não passa. Não tem cura. E também não adianta disfarçar. Tentar esconder. Ela é tão poderosa que todos percebem que tem algo errado. Ninguém escapa de sua fúria. Percebem sua existência. Ela emplaca. E se acumula.
As vezes a gente nem sabe bem porque esta com raiva. Um prato cheio pra qualquer analista. Uma música ou uma imagem acabam trazendo ela de volta e nem se entende direito o que é. Em outras ocasiões ela até pode ser engraçada. Se parar pra refletir os seus motivos, você pensará em coisas tão bizarras que dará vontade de rir. Talvez esse seja um bom remédio contra ela. Não a cura, mas uma forma de remedia-la, uma vez que não dá pra previnir.
Todo mundo sente raiva um dia. Sempre tem uma primeira vez. E com certeza não vai ser a última. Não consigo descobrir o que a dispara. Tem pessoas que sentem raiva de personagens da TV. Outro dia vi uma entrevista da Letícia Sabatella. Ela contava que foi mal atendida numa loja e a própria vendedora admitiu que estava confundindo tudo. Que sentia raiva da personagem dela na novela.
Será que a raiva era da personagem ou de alguma coisa que essa personagem lembra e tem relação direta com a vida da vendedora? Nunca senti raiva de personagens de TV. Nem da Flora. E olha que ela era má. Por isso tenho tanto medo desse sentimento. Ele esconde fatos. Coisas que a gente nem lembra e joga toda a culpa em cima de coisas novas. Só pro seu prazer.
Se diverte fazendo com que a gente sofra. Se questionarmos e refletirmos sobre o que está acontecendo não entendemos. E quanto mais pensamos mais raiva sentimos. Do fato em si, da pessoa que o causou e de nós mesmos por não chegarmos a conclusão nenhuma sobre o que nos leva a sentir tanta raiva.
Tô com raiva. Não sei bem do que. Mas tô me consumindo por dentro. E você? Já sentiu raiva hoje?
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Tenho trabalhado em alguns contos inéditos pra concursos... Por isso aqui no blog a coisa tá mais restrita... Mas assim que me organizar volto a postar contos bacanas aqui...
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Depois do sucesso do conto "Diário de uma uma mulher que espera o fim" e sua repercussão entre os leitores, tô pensando em fazer uma série...
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Como sei que " Teorias sobre a raiva vai virar polêmica, já estou elaborando uma outra série... "Teorias sobre sentimentos"...
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Uma ótima semana a todos!!! Muitas leituras gostosas, palavras bem escritas e caprichos na caligrafia!
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