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Sons que compõem minha vida


Qual a trilha sonora da sua vida? A pergunta do aplicativo de relacionamentos me fez ficar dias pensando no conjunto de sons e músicas da peça audiovisual Luísa.


A minha vida, que em partes já renderam livros, tem um trilha complexa, repleta de trovões, choros compulsivos, risadas (muitas!), bocas estalando e incontáveis monossílabas sussurradas.

Entre uma faixa e outra de ruídos, músicas escolhidas a dedo, para cada setenio vivido, lembrando dos chakras potencializados em cada período. Mas todo bom disco tem uma música de abertura, que apresenta todo o álbum e nos faz deixar a vitrola tocar.

Lulu Santos, me diz “Tudo bem”, e define meu jeito de encarar a vida, na primeira faixa do LP. Enquanto o chakra básico se desenvolvia, com certeza é ele que segue cantando, afinal “Toda forma de amor” é um grito de sobrevivência, de quem não escolheu aterrizar aqui (pelo menos não consciente!) e que quer ser aceito, amado e ouvido.

No segundo setenio, quando tudo muda e os hormônios afloram, recorro as lembranças românticas da infância, ouvindo a menina da televisão Simony repetindo “Se enamora”, enquanto passava por trás das flores e cantava com seus colegas do Balão Mágico.

Mas a visão romântica, ganhou outra dimensão enquanto o plexo solar se desenvolvia e a gente começava a entender o que era a vida. A Legião Urbana me dizia o quanto “O mundo anda tão complicado”, mesmo que eu ainda alimentasse a ideia incutida na infância do príncipe encantado.

Mas as desilusões chegam, cedo ou tarde. O príncipe vira um sapo, como cantou Cassia e que quase reinou nesse período da minha vida com sua "Malandragem", mas a independência e a energia precisam ser gastas em baladas, flertes e relacionamentos com expectativa de futuro. Por isso no quarto setenio era “Tudo ou nada” e enquanto Groove James cantava o cardíaco aprendia.

A vida da voltas e apesar das lições que deveriam ter sido aprendidas, ainda temos muitas crenças fundamentadas na infância e enquanto o laríngeo se potencializava, nem sempre colocamos nossa voz para fora. Entre uma mala e outra, entre uma frustração e um doce. Entre quilos e mentiras, “antes que seja tarde”, parecia ser um hino, que a cada vez que Pato Fu cantava, ganhava um novo significado, me mostrando, que sim, eu precisava começar a falar para ser ouvida.

Então as trovejadas, ventos, chuvas intensas e som de água correndo como dilúvios, se intensificaram quando passamos para o sexto setenio. O chakra frontal, que desenvolve nossa intuição, se abrindo, vendo o mundo com novas lentes, fazendo com que pequenos véus fossem caindo, um a um, criando um senso de proteção própria que sempre busquei no outro. Gabi Luthai me descreveu e ainda gritou para quem quisesse ouvir “Ela tá voando”!

E se todas as tempestades me trouxeram até a mulher dessa foto que se joga de cabeça, mas também recua ao primeiro sinal de desinteresse, que aprendeu a entender seus sentimentos, reconhecer seus gatilhos e saber o que quer, valeu muito a pena.

Esse ano entro no sétimo setenio e aguardo as potencialidades que o Universo vai me enviar. Serão sete anos para descobrirmos a penúltima música desse LP.

Por que a última, que dá vontade de ouvir todo o disco outra vez, que resume tudo em detalhes no subtexto repletos de significados e lições, já foi escolhida. “Mesmo que mude”, ouço o Carlinhos Carneiro repetidamente me falar, é sempre amor. E principalmente amor por si mesma, que faz a gente prosseguir na montanha russa da vida, essa finita delícia de se perder e se reconhecer nas ranhuras de um LP.


E a trilha sonora da sua vida, seria composta de que?

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