top of page
LOGO CeP IMPRESSAO.png

Sempre se sabe

Ela soube. E bastou ela saber pro seu coração palpitar. Uma alucinação tomou conta dela. Por que? Pra que? Há mais de dois anos que tudo havia acabado, cada um seguiu um rumo. Ela estava casada e ele namorando. A vida de ambos continuava igual ela correndo atrás de segurança e ele atrás de aventura.

Mas ela soube, soube que ele havia voltado, soube onde estava e até o número do telefone descobriu. E aquele desejo, não de ter mas de saber, de ver, voltou à tona. Obcecada. Essa era a palavra usada na terapia. O que sentia era uma obsessão, uma doença como afirmava a terapeuta. Era como um vício, que é impossível largar, se desfazer, sem ajuda e sacrifício. Assim era o desejo. Não havia forma de curar aquela doença.

Ela chorava por dentro,no fundo não queria se curar, queria estar com ele, permanecer daquela forma viciada e obcecada ao lado dele, mas sabia que a dor era dividida. Ele sentia tanta falta dela que inconscientemente se fazia presente. Por amigos vinham os recados, as notícias propositais e a pedido dele.

Mas que a ela machucavam, aumentavam a necessidade da droga, do sentimento, do desejo. Decidido. Dessa vez ela diria. Botaria um ponto final. Afinal todas as histórias precisam um dia terminar e aquela se fazia presente justamente pelo inacabado, pelo não discutido e dito tantas vezes nas intermináveis sessões de analise.

Ligou. Ele atendeu. Ela desligou. Ele sentiu um arrepio, uma euforia incontrolável. Sabia que era ela. Ligou de volta e ela atendeu. Ele disse oi. Conversaram por horas. Ela marcou o encontro. Ele topou.

Não conseguiam se olhar tremia as mãos dela, suavam as dele. Também não foi preciso falar. No momento em que os olhos se encontraram os corpos falaram. As mãos se entrelaçaram, as bocas se uniram e a comunhão das almas... Aconteceu.

Depois de tanto tempo os cheiros, os gostos, os toques eram os mesmos. Eram aqueles que a faziam suspirar, os mesmos que o faziam perder o sono, a fome, o tino. Igual. As palavras presas na garganta se soltaram como gritos, gemidos, suspiros e delírios de amor.

Não era preciso palavras, elas estavam no ar, na alma, nos corpos e nas paredes daquele quarto. Ela soube. Só havia um caminho a seguir. Ele entendeu não havia como fugir.

bottom of page