Eu tenho um amor mal resolvido e não é platônico, porque a procura é recíproca.
É apenas mal resolvido. As vezes dá saudade, e quando não aguentamos mais a distância unimos os corpos em uma dança única, com a sincronia acrônica dos movimentos, embalados em sopranos, graves e agudos do nosso ritmo.
Eu tenho um amor mal resolvido e já tentei resolvê-lo inúmeras vezes. Mas bem diz o ditado que o que dois não querem, um não faz.
Ele é apenas mal resolvido. Por mim, por ele, por nós. Nós e nossos nós. Atados, emaranhados, agarrados. Brigamos com a linha, conosco, com passados cheios de outros nós. E perdemos. Perdemos feio. Pro desejo, pro impulso, pro medo.
Eu tenho um amor mal resolvido que nunca chega ao fim, porque os sentimentos adormecem, se aquietam, mas sempre despertam quando o pensamento chama. E todo dia, em alguma hora impropria, a gente se busca na memória e lembra do por quê seguimos mal resolvidos.
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