Ai que saudades do Rio de Janeiro! Saudades do calor. Saudades das cores. Saudades de sentir a brisa do mar. De ver as mulheres, andando de botas, apesar de estar fazendo 20 graus. O que pra eles é muito frio. Saudades de tomar café na padaria. De entrar na van e todo mundo conversar. Saudades até de pegar a Avenida Brasil e ficar duas horas nela pra andar 20 km.
Saudades de sentir a saudades que sentia quando estava lá. Olhar pros lados e ver o mais variado tipo de pessoas. Ouvir as minhas vizinhas de manhã cedo batendo boca. Saudades das feiras livres. Do mercadão de madureira. Do centro da cidade. Do cheiro de cultura e civilidade. Das feiras de livros nas praças. Saudades até das pichações e da sujeira.
Saudades da minha tia. Do escritório dela. Das conversas e da Yara. Saudades de passear na beira da praia de madrugada. De olhar as pessoas com aquela corsinha saudável de bronzeado leve. De ver os garotos surfando. As meninas paquerando. Saudades até de ouvir funk.
Saudades dos amigos de lá. Da minha casa cheia de gente. Das jantas, dos acampamentos. Da bagunça que faziam. Saudades de ouvir o Samuel contando das festas. O Ziane estudando. O Isaías saindo pra namorar. O Tolfo contando os dias e o Osni rindo. O Rossato batendo papos cabeça. O Freitas cozinhando. A Carlinha indo me visitar mais uma vez. E a baiana enlouquecendo com a janta. O Joka tomando banho na pia. A Ane e o Marcelo stressados. Tanta coisa naquele pequeno apartamento e a gente só querendo saber de ir embora.
Agora de nada adianta ter saudades. Tinha que ter aproveitado enquanto estava lá. Essa foi a lição mais importante que aprendi depois que sai do Rio. Viver, cada minuto sem pensar no próximo. Agora fico aqui. Pensando em quantas vezes a gente deixou de aproveitar e de curtir pensando em como seria agora.
Ainda volto pra lá. Não a passeio. Volto pra ficar. Morar. Ter a minha casa com a minha família. O que passou, passou. Não volta mais. Sinto saudades e sempre vou sentir. Mas tá tudo guardadinho dentro de mim. Numa caixinha especial da memória. Onde só guardo as coisas boas. Onde só fica o que realmente é importante.
Aí que saudades do Rio de Janeiro! E de tudo de tão bom que vivemos lá!
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