Ás vezes me olho no espelho e não me reconheço. As rugas, as manchas e os cabelos brancos me lembram que os 40 estão quase chegando. Mas a minha mente, minhas lembranças e meus trejeitos ainda pensam que tem 20 e poucos.
Eu olho no espelho e o reflexo tem bem mais idade. Alguém avisa a essa pessoa que aparece do outro lado do vidro que eu ainda não cheguei lá? Esqueço que tenho 30, esqueço que sou adulta. Ainda me apaixono milhares de vezes ao dia. Por coisas, gentes e movimentos. Eu ainda acho que vou morrer de amor e que cada dor não vai ter cura.
O reflexo me faz pensar, afinal quem eu sou? Onde foi que eu me perdi que agora me encontro assim? Não é possível que os anos tenham se passado tão depressa. Já não cozinho na primeira fervura, talvez nem na segunda. Eu sei que sou gente grande, mas o meu coração não sabe.
Tão tolo e imaturo ainda, me pergunto se um dia ele amadurecerá. Ou será que amadurecer é isso? É se dar conta que a vida passa por fora. Por dentro, só se você deixar. Eu ainda não me enxergo com 40. Ainda gosto das coisas dos 20... E prefiro a liberdade dos 30. Eu ainda quero as baladas, mas não com a mesma frequência. Ainda quero os amigos sempre por perto, mas de vez em quando um vinho sozinha é o melhor.
Eu já conquistei a casa, o carro, o emprego e aquele carinha dos sonhos. Mas eu ainda quero conquistar o mundo. Eu ainda penso em largar tudo, viver de arte na beira do mar. Ainda quero as viagens de mochila, mas com um hotel confortável no final do dia.
Eu me olho no espelho e não me reconheço. Esse reflexo que insiste em dizer que já não sou mais a mesma me atrapalha a vida. Fala que sou algo que não quero ser. Ou que tenho medo de admitir que já sou. Mas nada que não de para resolver com um novo corte de cabelo e as cores da moda. No final, a gente só é o que a gente quer ser...
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