Me sinto só. Tão só que a dor parece perfurar a minha carne, sangrar a minha alma e faz com lágrimas brotem de meus olhos. Não sejamos cínicos a ponto de fingir que nada aconteceu, ou melhor, de fingir que tudo está igual. Não está. Há muito as coisas mudaram. Os dias passam e talvez cada segundo fique mais difícil de voltar atrás.
Não sei o que pensar. Não sei o que sentir. Onde está o amor que não posso toca-lo. Que não posso senti-lo. Que não posso ouvi-lo. Onde está? Em que parte da estrada nos distanciamos ou deixamos as coisas importantes de lado? Qual foi a curva em que fui jogada para fora do carro com tamanha força que não sinto mais minhas pernas, braços ou qualquer parte de mim?
Pouco vejo. Pouco sinto. Pouco entendo. Ou entendo tanto que minha alma tenta não compreender para não sofrer. O que é pior meu desentendimento ou sua total falta de amor? São tantas coisas. Gestos tão pequenos, imperceptíveis mas que não me deixam duvidas. Não sei. Não me admiras, não tens fé em mim e por vezes tenho a mais absoluta certeza que torces para que nada de certo. Ou será pura loucura da minha mente insana que tenta encontrar algum motivo para as coisas estarem como estão?
Que tipo de amor é esse que não ajuda nos momentos de dificuldade. Que tipo de amor é esse que não sabes o que faço. Que tipo de amor é esse que não incentiva, não alegra, não estimula. Que amor é esse que nunca é dito? Que nunca é falado, que nunca é citado, nunca transmitido.
Tudo tem seu lugar antes de mim. Teus sonhos são só teus. Não importam os meus. Tanto faz o que penso, quero e sinto. Não tenho a chance de falar, concretizar ou pensar porque sempre antes estão os teus. Realizações pessoais mesquinhas e materiais que cegam teus olhos tanto com tamanha luminosidade como o ouro de tolo que quando te deres conta teu mais precioso tesouro terás perdido.
Terei eu a coragem que necessito. Não sei. Serei eu capaz de te abandonar e deixar para trás outros sonhos que não foram realizados como deveriam, que deixaram uma parte importante de mim de fora e que hoje vejo que faz a mais absoluta falta em meu ser. Abri mão de mim por ti. Aceitei sorridente o futuro que o destino me reservava junto a ti com fé de que seria florido, ensolarado, mesmo sabendo que haveriam tempestades, livre, leve e feliz.
De repente ficou sombrio e o que sobrou foi medo, magoa, ressentimento e um triste sentimento de decadência, humilhação e infelicidade. E tão fácil seria mudar tudo isso. Bastava dizer. Bastava sentir. Bastava apenas por um segundo me olhar e perceber quem realmente sou e me por a frente de todo o resto. Mesmo que fosse apenas por um segundo. Um segundo apenas me faria sorrir.
Não sei. Dizem que o amor é uma plantinha, que se rega todos os dias para não morrer. Mas e aqueles amores que nunca são regados e sobrevivem a tudo, as distancias, as ausências a própria falta de reciprocidade e mesmo assim são amores.
Não sei. Dizem que a desilusão pode acabar com a vida de um ser emocional em segundos. Mas e aqueles que sofrem, se desiludem e mesmo assim continuam amando incondicionalmente. Ou se levantam depois de grandes tombos e começam tudo de novo sem demonstrar nenhuma de suas cicatrizes.
De certa forma tenho vocação para amar. Amar e ser amada. Amar de verdade. Com muita intensidade e com a mesma capacidade de amar de novo mais e mais. Mesmo que isso me custe noites de insónia. Mesmo que o preço seja rios de lágrimas. Mesmo que para isso eu cai em um poço profundo e que leve algum tempo para enxergar a luz do sol novamente.
Porque isso é certo. O sol sempre volta a brilhar. De uma forma ou outra.
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