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O roubo das bicicletas

Quinta de noite o Paulo me convidou pra andar de bicicleta. Achei uma boa ideia. Desde que mudamos de casa aqui em São Borja nunca mais demos um passeio com as bicis. E elas já estavam mofando lá na lavanderia.

Pra quem não viu as fotos da casa ou não conhece, no pátio, nos fundos da casa tem uma outra casinha. Que nós adaptamos e fizemos de lavanderia e quarto de entulhos. Tudo que não usamos sempre fica lá. Coisas inúteis que trouxemos na mudança também. E outras coisas que ficam lá por falta de espaço dentro de casa. É bom ter um lugar assim. Pelo menos a bagunça acaba ficando longe dos meus olhos. O que nesse caso é muito bom, já que o Paulo é um tanto desorganizado.

Enfim. O convite foi feito na quinta de noite. Na sexta de manhã, quando acordamos. O Paulo foi até a lavanderia pra buscar umas ferramentas e grita: “ Amor, cadê as bicicletas?” Levei um susto. As três bicicletas não estavam mais ali. Tinham sumido. Evaporado, sem deixar rastros. Foram roubadas.

Não sabemos bem como aconteceu. Nem que horas. A única certeza que temos é que entraram em nosso pátio. Pelo muro ou pelas grades. Tiveram que pular porque não tem outro jeito. Carregaram as três bicicletas. Passaram elas pelo muro ou por cima das grades e saíram pedalando. Chamamos a Brigada Militar ( aqui no sul se chama assim a polícia militar. Não sei o por quê, mas é assim). Eles disseram que isso é comum na cidade. Mas que é muito raro eles entrarem dentro das casas, ainda mais com pessoas. Normalmente fazem isso em casas vazias.

Tudo bem. Mas essa noite qualquer barulhinho que eu ouvia eu ia ver o que era. Fiquei pensando como vou ficar quando o Paulo estiver de serviço. Qualquer coisa vou chamar a Brigada. Talvez eu fique conhecida por eles como a louca do pátio.

E aquela história de que moramos no interior e aqui é mais seguro? Tá certo. Se fosse na capital, talvez roubassem as bicicletas, os eletrônicos, celulares, cartões de banco e com muita sorte deixassem a gente vivo. Mas eu passei um ano morando no Rio. O carro dormia na calçada de casa e nunca, em hipótese alguma, buliram nele.

Já não tenho tanta certeza que o interior é mais seguro. Sei que violência esta em toda parte. E agora confirmo que está em toda parte mesmo. Também me dou conta de que ela é proporcional ao número de pessoas de um lugar. Mais pessoas, mais violento. Mais miséria, mais crueldade. Mas a questão que mais me preocupa é: Onde vamos parar? Se é que um dia vamos parar. As bicicletas são o de menos. Que a pessoa que levou faça bom proveito delas ou pelo menos use o dinheiro pra uma boa causa. E que os governantes se dêem conta que nada tá dando certo e cada vez a coisa tá pior.

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