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Não somos mais os mesmos

Faz tempos que percebo que a cada dia eu enxergo as coisas de um jeito. E não são problemas da idade, de falta de visão. É percepção. Deve ser o tal amadurecimento que todo mundo comenta. Mas eu também não tenho bem certeza se é isso. Ou se é a vida mesmo que anda esquisita.

Sei que não tenho mais a mesma cabeça dos 20 — nem o corpo, nem os cabelos, nem mesmo o tesão no olhar — e nem sou mais tão impulsiva, mesmo que essa ainda seja uma das minhas características mais marcantes.  A verdade é que tudo está diferente. O mundo é outro. Quando eu tinha 10 anos um homem me assediou na rua, me mostrou o pinto. Ninguém chamou ele de pedófilo. Quando eu tinha 12 anos meu tio faleceu de Aids, ele era gay. Mas ninguém perseguia ele na rua por isso.

Eu fui ter computador com 20, internet em casa com 24. Celular também... Eu andava na rua até tarde sem medo de ser assaltada. Saia das festas sem medo de ser estuprada. Eu usava roupa curta, decote, bebia sem me sentir culpada.

Eu mudei. É claro que sim! Amadureci, talvez não tanto quanto deveria, mas mais do que eu gostaria. Mas todos mudamos. O mundo mudou. E com tanto esclarecimento, tecnologia e conhecimento também aumentou a falta de empatia. Eu sei, sempre toco na mesma tecla. Mas essa semana mais um homossexual foi morto brutalmente. Mais uma menina estuprada por usar roupa curtas. Mais um uber assediou uma passageira... mais uma vez, das muitas que vemos agora todos os dias...

Ah, antes as coisas também aconteciam... a gente é que não sabia! Será? Será que a gente não sabia ou que a gente se colocava no lugar do outro e não julgava? Nós mudamos. Não somos mais os mesmos... e perdemos o amor pelo próximo.

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