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Mulheres & Sapatos: Um orgasmo quase sexual

A coisa é séria. Mulheres e sapatos tem alguma relação inconsciente, sobrenatural ou, me arriscaria a dizer, carnal. Sim porque não conheço uma representante do sexo feminino que não tenha verdadeira loucura por sapatos. Assim como não conheço uma mulher que não esteja "precisando muito" de um sapato novo.

Os pés, coitados, pedem piedade, sofrem, reclamam e nem assim conseguem escapar da irá dos bicos finos, da agressão dos saltos altos ou da tortura dos sapatos fechados. Um calor de 30 graus e eles lá, socados num sapato bem fechadinho só porque ainda não deu tempo de passar na pedicure.

Fora a questão do espaço e organização. Nunca é suficiente. Sempre falta um lugar para mais um parsinho. Só mais um, que se multiplica com a rapidez de coelhos na sapateira de qualquer um. E mesmo assim nunca se tem sapatos na hora de sair.

Comprar um sapato novo, para muitas, é quase um orgasmo sexual. Não sei qual é o fetiche. O que lá na cachola se movimenta, qual o hormônio que é liberado. Mas a verdade é que é um prazer inenarrável a compra de um novo par. os homens não entendem. Para eles é apenas mais um. Para nós, mulheres, é o sapato, que passa a ser mais um na semana seguinte.

Salto alto, salto anabela, plataforma, salto fino e rasterinha. Bico fino, bico arredondado, aberto, fechado, de tira e de presilha. Botas de cano curto, cano alto, salto fino, montaria, bico fino, plataforma, couro e camurça. Chinelo de praia, de festa, de andar em casa e de sair na rua.  E por aí vai a lista das nossas intermináveis necessidades de ter o que colocar nos pés.

E eles coitados, os pés, suplicam por um momento de liberdade. Por sentirem o chão, por andarem descalços na areia, por correrem na grana molhada e se deliciarem com o gosto do barro. Mas nós não pensamos neles. Só pensamos em exibir a mais nova aquisição da sapateira ou a mais cara. E nessa lógica absurda consumista e prazerosa o mais engraçado é que quanto mais caro é sapato, mais dói, mais aperta e mais a gente quer exibir. E pior que só a gente repare neles porque os homens mesmo não estão nem aí.

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