Parece assim que a solução seria formatar o vídeo game chamado humanidade e começar a programar tudo de novo, porque assim está difícil viver. Mas e se a gente descobrisse a empatia? Entendendo ela como a complexa arte de se colocar no lugar o outro, quando eu tento pensar o por quê o outro tomou tal atitude baseado nos preceitos e crenças que ele tem. Quando a nossa mãe diz: não faz com o outro aquilo que tu não queiras que façam contigo.
Eu estava na praia, com chapéu modelo beverly hills, blusa térmica para a proteção solar e um par de óculos digno de alguma celebridade, além das calças especiais. Óbvio! É estranho num dia semi nublado, uma figura vestida assim, mas eu entendo que existe um motivo para isso. Tem uma razão para tudo. Eu tenho um lobo dentro de mim, que quando está forte ele me apaga e quando ele está fraco, eu fico acesa.
Ao meu lado, tem um outro Eu. Um outro ser que tinha seus pés na areia, cabelos ao vento, a pele parecia salgada. Eu quase podia sentir o calor do sol batendo direto na sua pele, daquele jeito que esquenta a alma e a brisa faz um cafuné no rosto como a mão de alguém amado, que segura sua cabeça e passa o polegar na sua bochecha. Esse outro Eu tem um coco nas mãos com aquela água que parecia doce e gelada como deve ser. Esse indivíduo me olha e me rejeita, repudia-se o diferente ainda que seja diferente.
Meu lobo transformou minha vida, meu guarda roupa, minha profissão, meu rosto, meu corpo, meu eu. Todos os dias eu converso com ele e descubro qual é o seu estado e digo a ele ,por mais que muitas vezes nem eu acredite, que apesar dele morar em mim, quem manda nele sou eu. Mas ele em alguns momentos vence e eu me aquieto. E percebo que se a vida é uma guerra, ele ganhou uma batalha e eu terei outras vitórias.
O outro Eu me olha de lado, não sei se por acreditar que é superior ou simplesmente por pena. Olho o outro ser e penso em qual seria a sua rotina? Oito horas diárias do trabalho, metas a serem cumpridas, horas extras necessárias, casa para sustentar, arrumar e limpar. O desejo de um refogado de mãe quando tudo que se tem é um sanduíche pedido no delivery da esquina. Porque até ele chegar ganha-se mais horas no computador. Penso que os diferentes agrupam-se em seus iguais e assim vivemos nos segmentando em grupos. Que compreender a rotina do outro não é tão fácil e que todos temos as nossas miserabilidades, todavia condenamos outros em miseráveis com apenas um olhar. Olho novamente para o outro Eu e sorrio.
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Este lindo post foi escrito pela Renata Moreira, uma escritora nata, que está começando a carreia escrevendo um romance que promete arrancar risadas, lágrimas e boas reflexões.
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