Eu não tenho medo da morte. Eu tenho medo da vida. Tenho medo das pessoas, das coisas que acontecem, do que foge ao nosso controle, dos pensamentos sombrios que invadem a nossa mente e não dão licença para mais nada. Tenho medo dos medos que tomam conta, que deixam tudo cinza, que fazem com que a gente não diferencie mais nada. Tenho medo do que eu não posso fazer, do que eu não posso prever, do que eu não consigo enxergar.
Tenho medo dos rompantes de raiva, das inundações de lágrimas, da falta de luz no beco sem saída. Tenho medo de demonstrar minha fraqueza, de ser vista de verdade, de não conseguir me esconder. Tenho medo do bloqueio criativo que me assola, da mão que não consola, dos dedos que apontam sem direção. Tenho medo de ficar sem ar, de não mais respirar e nem inspirar.
Tenho medo das coisas não ditas, das palavras esquecidas, das histórias não vividas. Tenho medo da falta de diálogo, da falta de contato, de carinho e de abraço. Tenho medo do que ainda não aconteceu, do que já passou e do que nunca ocorreu. Tenho medo da angustia que aperta meu peito, que contorce minha alma e descolore minha aura. Tenho medo de tudo, de todos, dos daqui e dos de lá. Tenho medo do nada, do vazio, do inerte, do inespressivo.
Tenho medo de ter medo. Medo de não ser o que sou, o que quero ser. De não ter a chance de consertar, de brigar, de chorar e de viver. Tenho medo de não sorrir, não amar e não sentir. Tenho medo de viver, em constate coma lúcido, arrastando os dias e esperando, de alguma forma, chegar ao fim. Tenho medo de não superar, de não aprender, de não mudar e não voltar.
Tenho medo de chorar, de falar, de gritar e de demonstrar. Tenho medo de não saber o que aconteceu, depois que o inevitável chegar. Tenho medo simplesmente de existir. De continuar, de seguir e de parar. Tenho medo de mudar e não modificar. Tenho medo de não ter medo de morrer.
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