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Juntando os cacos de mim mesma

Estou juntando os cacos de mim mesma. Tentando montar o quebra cabeça no qual me parti ao me quebrar. São tantos pedaços, estilhaços e lascas que muitas vezes parecem faltar alguns tão pequenos que são impossíveis de se achar. Mas que fazem falta na hora de remodelar. A gente tenta colocar alguma coisa no lugar, mas parece que nada encaixa. É uma falta que não pode ser substituída. Uma dor que não pode ser digerida. Uma angústia que nada alivia. 

Parece estranho passar por isso mais uma vez e ter a certeza que o mundo acabou como tantas outras vezes. É um nervosismo, uma irritação continua. Uma insegurança. Uma mentira que se repete a cada "tá tudo bem". Uma vontade de chorar. De gritar. De dizer que eu cansei, não quero mais brincar. 

Eu não sei. Eu tento colar os pedaços, montando o quebra cabeça que me tornei com essa queda. Mas a cola não gruda. As peças não se encaixam. Eu não sei. Porque será que de novo eu me sentencio ao mesmo erro. Onde foi que eu errei?  Faltam peças. Sobram estilhaços. Retratos emoldurados nas paredes que não refletem nem o que sou nem o que me tornei.Sobra angústia. Falta ânimo. Sobram tantas dores e faltam amores. Onde foi que parei?  Eu guardo pra mim tanta amargura. Sorrio para os outros. Finjo que já superei. Mas dói fundo na alma saber que nada mudei. Por que foi que eu errei?

Nos dias bons os planos e sonhos eu alimento. Mas não encontro o caminho para mantê-los. Nos dias ruins penso enquanto tempo perde-se sonhando. Alimentando ilusões e me questiono se a estrada certa tomei. Não quero ser aquela que sempre julguei. Não quero passar pelo que eu condenei. Não posso ser o que me tornei.  Se hoje eu quero chorar preciso arranjar os motivos pra sorrir. Se hoje eu quero fugir preciso encontrar os motivos pra ficar. Eu recoloco cada pedaço em seu lugar, monto o quebra cabeça e com uma habilidade dissimulada sorrio e digo " tá tudo bem".

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