Eu fugi. Fugi de casa. De mim. Fugi da minha vida.
Fugi e me escondi. Escondi todas as dores, os não amores, os afetos desfeitos, a frustração em sempre latejar o abandono.
Não chorei. Velei corpos com vida, enterrei relações tóxicas, me descobri ainda mais sozinha.
Conta nos dedos, a quem pedir socorro? Em posição fetal, tentei esquecer.
Trava. Não da pra pensar. Afoga. Qualquer alienante mental serve. Dói. Dói a alma. O corpo responde. Imunidade cai, a tosse tentando colocar pra fora mais que as tripas, as ideias não cozidas.
O ar fica escasso, o pulmão reclama, a pele inflama. Até o ciclo desregula.
Eu fugi. Cansada, exausta, irritada.
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