Eu vi. Sei que foi assim e mesmo que todos digam ao contrário. Abafem o caso eu vi. Naquele dia a patroa acordou surtada. Em vez de levantar, tomar seu banho e se sentar a mesa pra tomar o tal do "breakfast" enquanto lia o jornal, ela simplesmente saiu só de "pegnoir", pegou o carro e sumiu.
Voltou quase na hora do almoço, com umas manchas roxas pelo corpo, toda descabelada e com um sorriso bobo no rosto. Nem tentou disfarçar pra gente. Até o jardineiro se benzeu quando ela passou.
Me chamou no quarto. Mandou eu pegar as duas malas grandes do depósito e por todas as roupas do seu marido dentro. Depois pediu que eu fizesse uma faxina pela casa e botasse todas as coisas dele num saco preto e deixasse junto com as malas. Assim eu fiz.
Na hora do almoço, quando ele chegou, ela estava vestida de gala. Com um vestido vermelho, as costas todas de fora, sapatos de salto fino, cheia de jóias, bem maquiada e com uma cara de deboche.
Ele nem teve tempo de perguntar o que havia acontecido. Ela já estava tocando todas aqueles enfeites caros nele. É. Aqueles enfeites que ela sempre dizia pra eu ter cuidado ao tirar o pó. Esses mesmos. Todos começaram a se espatifar no chão e a virar caquinhos.
E ele fazia uma dança muito esquisita, pulando de um pé no outro e meio que cantando: " Para amorsinho! Não foi bem assim que aconteceu..."
Do outro lado da sala ela ria. Cada peça que atirava nele dava mais satisfação nela. E cada pedido dele fazia ela rir mais ainda.
Enfim ele resolveu sair. Pegou as malas, o saco preto e ia pegando o cachorro quando ela começou a jogar os vasos de plantas nele. " As samambaias não". Pensei, não falei. Conheço bem aquele ditado que diz que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. E além do mais ia sobrar pra mim. Ele desistiu de pegar o cachorro. Entrou no carro e saiu chispado.
Ela se sentou. Parou de rir. Ficou olhando pro nada e pediu uma taça de champagne. Tomou de um gole só. Jogou a taça no chão e começou a chorar. Ficou ali, sentada a tarde toda chorando. depois subiu pro quarto se arrumou e saio de novo. Desça vez com calça de brim, blusa e sapatos.
Voltou já era noite. Cheia de sacolas e de ótimo humor. Servi a janta e depois ela começou a me mostrar as compras. Trouxe até uma blusa pra mim e uma lembrancinha pra cada uma das minhas crianças.
Vai entender... eu não entendi nada. Mas também não perguntei. Só sei o que eu vi e foi assim. essa gente rica é mesmo engraçada. Ou será que ela tava com essa tal de "TPM"?
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