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Entenda

Entenda. Eu não faço por mal. É que essa angústia que embarga a minha voz, esses pensamentos que imundam meus olhos, essas dúvidas que apertam o meu peito e esse medo que sufoca a minha alma, precisam sair. E eles saem em forma de verso, formatados no choro e configurados na dor.

Não é sempre que eles transbordam. Mas quando acontece é preciso uma porção de paciência, uma pitada de carinho, um quê de respeito e uma enxurrada de amor. Só desse jeito a vazante da alma amança e no teu peito se transforma em calma. Entenda. Eu sou assim. Tenho essa necessidade exagerada de falar. De abrir as feridas ainda não cicatrizadas, de remoer velhas histórias, ouvir infinitas vezes a mesma melodia cansada que na minha voz soam mais desafinadas.E quando a melodia se transforma em lamúria, eu não faço por mal. É só a tua voz dar o contraponto que tudo se transforma em poesia. E a canção se torna em serenata. Eu só preciso de um tempo. Pra entender, pra aceitar e me resignar de que a vida da voltas e a nuvem pesada de dor e decepção de hoje se dissipará amanhã e é no teu peito que o sol aparecerá 

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