Você pode ter opiniões contrárias as minhas, pode acreditar em Deusas diferentes, pode até defender o mercado em vez do pobre, e tudo bem. Coabitaremos esse mundo, essa rede ou essa vida. Mas você não pode impor seu Deus, suas ideias ou sua verdade, isso é fascismo.
Nas eleições de 2018, eu perdi. Nas eleições de 2020, eu perdi. Vi perplexa uma presidenta ser derrubada, um genocida matar mais de 700 mil pessoas e o Deus mercado gerar a miséria, enquanto apenas alguns enchiam os bolsos.
Em todas essas situações, chorei em casa. Conversava com meus pares, colocava a tristeza, a irritação, a indignação para fora nas redes sociais, mas nunca ameacei invadir o Planalto, cagar no STF ou metralhar a boiada.
Caminhei pelas ruas da minha cidade, entoando com quem divide dos meus ideais, palavras de ordem, pedindo vacina, pão, saúde e educação. Protestei contra os assassinatos constantes da população negra. Cantamos, caminhamos, compartilhamos nossas indignações, mas jamais invadimos, depredamos e roubamos a nação.
Não há nada mais sagrado e importante em nossa frágil sociedade do que a democracia. E não é fácil conviver com ela. Engolimos sapos, temos que respeitar a decisão da maioria, que muitas vezes é bem diferente da minha. Viver em comunidade é isso.
Ah, mas o PT... Venezuela, Cuba, Comunismo!
O bicho papão da sociedade brasileira, o fantasma da ópera da elite, o temor dentro do armário escuro. Nada disso justifica o atentado à democracia.
As eleições terminaram, foram legítimas e reconhecidas. Um novo presidente foi eleito. Eu estou sorrindo, mas se você está contrariado, aguarde quatro anos, como eu aguardei.
Porque é isso que fazemos em uma democracia. Qualquer atitude diferente é fascismo e, apesar de termos ganho as eleições, a vigília será constante e não deixaremos passar impune.
Ditadura nunca mais, democracia para sempre.
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