Desde o primeiro dia em que se viram Fabiana pensava: “Como pode a gente não estar juntos?”. O engraçado é que eram amigos, parceiros em todos os sentidos. Eram colegas de faculdade, faziam todos os trabalhos juntos. Conseguiram estágio no mesmo lugar. Iam e voltavam da faculdade e do estágio sempre os dois. Gostavam do mesmo tipo de música, de filme, de festa, das mesmas bebidas. Acabara, tornando-se confidentes. Mas naquele dia viraram amantes. Tudo começou numa brincadeira sem nexo de amigos dançando. Uma noite qualquer, apenas mais uma festa. Uma noite linda. Fazia tempo que Bernardo havia terminado um namoro longo e que havia abalado suas estruturas. Procurava, na verdade, ele um grande amor. Fabiana levava sua vidinha tranquila com um casinho pacato demais para a vida dela, sempre tão agitada. Sei lá porque de uma dança juntos, passou a ser todas. Um abraço virou um beijo envergonhado na bochecha. E do beijo envergonhado as mãos se deram e das mãos saíram labaredas que chamuscavam o corpo inteiro. O beijo ardente aconteceu naturalmente e daí a saírem juntos da festa e irem pra casa de Bernardo foi simples. O complicado foi o acordar e se encararem. O que havia acontecido? Uma noite apenas? A duvida agora pairava no ar. Como se olhariam, como seria o próximo dia? Ambos sabiam que não existia nada mais além daquele desejo. Poderiam manter uma amizade e o desejo latente sem se machucarem ou sem um dos dois se apaixonarem? As duvidas dela eram pertinentes as dele. Precisava saber quem daria o primeiro passo, quem teria coragem de dar o primeiro oi. Quem fingiria que nada aconteceu?
top of page
bottom of page
Comments