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Apenas mais um fim

Marina tinha um defeito. Era sincera demais. Não importava o quanto magoaria alguém, o que importava é que ela falaria aquilo que sentia ou que pensava. Raramente achava, sempre tinha certeza e suas certezas sempre se confirmavam.

Naquele dia sabia que Carlos mentia. E não havia nada que a magoasse mais do que a mentira de alguém. Principalmente se a mentira vinha de seu companheiro. Não tinha como provar que ele mentia, mas sabia que cedo ou tarde suas suspeitas se confirmariam. O que mais doía naquele momento é que a mentira era só pra tentar arrancar alguma coisa dela. Uma confissão que não existia, mas que Carlos acreditava. A história era evidentemente falsa. Não existia alguém no mundo que pudesse juntar os elementos dela a não ser ela e ele.

Não sabia como faria para provar que a história era falsa, mas sabia que iria provar. No momento sua maior dúvida era se valia à pena seguir com um relacionamento que não tinha mais motivos para ir adiante. Que estava saturado, 📷sem tesão e sem algo que realmente desse emoção.

Já havia tentado inúmeras vezes renová-lo, mas não dependia só dela. Essa era a dúvida. À vontade de estar juntos não existia, de nenhum dos dois, existia o carinho, o amor... O amor? Mas e a vida seria só isso? Sem paixão? Sem tesão? Sem emoção? Será que o fim de todos relacionamentos seria assim, carinho, companheirismo e apenas isso?

Marina se recusava a acreditar, queria mais para si, queria uma vida cheia de emoções, com paixão, amor, e tudo que prometem os livros de contos de fada. Seria correr riscos chutar o balde e seguir a vida adiante? Ou deveria aquietar sua alma tão sedenta de emoção e se dedicar à vida simples, comum de um relacionamento pacato e cômodo?

Eram tantas incertezas, tantos questionamentos e Marina de nada tinha certeza. Queria muito que a vida tivesse vindo com um manual de instruções mostrando-lhe qual seria o passo certo em cada situação. Mas não veio, então a dúvida pairava no ar.

E a mentira? O que fazer com aquela mentira? Será que ele mentia por que queria, inconscientemente, provocar uma briga ou por que queria lutar por aquele amor? Era verdade que Marina tinha saído sozinha. Isso ela mesma havia confessado. Também era verdade que tinha ido ao Favorito, danceteria que sempre frequentava com suas amigas. Mas isso ela também havia lhe contado. Tinha tomado um porre, isso ela omitiu. Mas não encontrou ninguém, apenas dançou e deu boas risadas. E quando ela pensava em ninguém, era ninguém mesmo. De onde Carlos tinha tirado isso? Por que ele inventava essa história sem pé nem cabeça?

Marina olhava para Carlos e negava, via em seu olhar um misto de alegria e incerteza. Falava de suas frustrações e incertezas e reparava que quanto mais falava, mais os olhos de Carlos se embassavam. O que havia acontecido com eles? Onde haviam errado? Quando haviam se distanciado? O abismo que havia se aberto entre os dois, parecia agora muito maior do que no dia que Marina havia saído sozinha.

Parecia que os planos deles, como casal, haviam todos ficado em gavetas empoeiradas e com puxadores enguiçados. Eram tão felizes. Eram amantes, cúmplices, companheiros e amigos. Tudo havia ficado diferente de uma hora para outra e por mais que Marina refletisse não encontrava o momento exato daquela mudança.

Carlos foi embora sem falar uma palavra e de certa forma aquilo foi uma mistura de alívio e tristeza. Alívio porque estava cansada de discussões infundadas, e que acabavam sempre iguais. E tristeza por vê-lo indo assim, sem uma palavra, sem um beijo, sem um desejo de ficar. Seria a hora de terminar mais um relacionamento, será que não eram companheiros pra sempre?

No momento em que ele saiu Marina deixou uma lágrima rolar pela sua face, que foi amparada pelo seu ímpeto de lutar. Não pelo amor, mas lutar por si só, por sua vida e seu futuro. Não adiantava chorar. Não adiantava reclamar. A única saída era seguir em frente. Fosse com Carlos ou não, sua vida ainda tinha muitas estradas coloridas. E tudo isso seria apenas mais um fim.

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Como é bom termos pessoas que apreciam nosso trabalho! Depois do pau que deu no meu micro e que eu perdi todos meus arquivos, consegui recuperar alguns contos graças a essas pessoas fantásticas!!!

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Esse conto também é dos antigos...

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Amanhã tem feriadinho... Coisa boa! Mas depois desse feriado bom só em setembro!!!

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