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Tropa de Elite II: O inimigo agora é outro

Entrei no cinema ontem esperando ver o Capitão Nascimento (agora tenente coronel) entrando em várias favelas, combatendo o tráfico no Rio de Janeiro e aquelas cenas fortes que vi no primeiro Tropa de Elite. 

Imaginava que o filme, por ser o número dois, seria uma continuação do primeiro, na mesma linha, com um enrendo parecido e com bastante "pede pra sair". Minhas espectativas eram altas, afinal só quem viveu no Rio, viu de perto o BOPE e viu o primeiro filme com olhos de quem vê um documentário entende o que realmente se passa por ali e vai muito além dos conceitos de direitos humanos ou guerra civil.

Mas quando cheguei no cinema e começaram as primeiras cenas do filme vi algo bem diferente: Uma crítica social muito bem feita. Um retrato da corrupção, do jogo de interesses políticos e midiáticos: Uma caricatura do Rio de Janeiro, com muita classe, bem construída e com personagens bem desenhados que lembram, e muito, personagens reais da vida dos brasileiros, mais especificamente dos cariocas.

Um policial corrupto que descobre que a favela pode deixa-lo rico e forma uma milicia, aproveitando o programa do governo de pacificação das comunidades. Um apresentador de televisão que se torna deputado e se junta ao governador na epoca das eleições e aproveitam as milicias para se reelegerem. Uma reporter que descobre o esquema e é morta. Um deputado que quer trazer a publico toda essa corrupção e por fim o Tenente Coronel Nascimento, que ao fazer a pacificação das favelas descobre que criou o monstro maior: as milicias.

A frase de abertura do filme que diz que qualquer semelhança com a realidade é mera concidencia e de que esse "Tropa", ao contrário do primeiro, é totalmente ficticio, chega a ser um deboche, uma ironia do diretor do filme. Eu adoraria apontar e dizer quem é quem em todas as personagens "ficticias" do filme, mas se o Padilha não fez isso, quem sou eu para fazer...

Foi um filme que superou expectativas e que deveria ter sido exibido gratuitamente para todos os brasileiros antes das eleições. Um soco no estomâgo. Um choque de realidade. Muitos devem ter assistido e identificado as personagens. Muitos devem se sentir ofendidos com o filme. Sai do cinema refletindo sobre tudo que está subentendido nele e admirando a coragem de todos os envolvidos na produção e dos artistas por fazerem a caracterização de suas personagens de uma forma sublime. E termino refletindo como o Tenente Coronel Nascimento: "E quem paga tudo isso?" e pensando sobre a musica que encerra o filme dos Paralamas do Sucesso: " Eu vivo sem saber até quando estou vivo, sem saber o calibre do perigo, eu não sei da onde vem o tiro..."

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