Meu cachorrinho, o Charlle, é uma das criaturas mais ciumentas que eu conheço. Ele tem ciúmes de outros cachorros, da gatinha e até mesmo de gente. É só alguém aqui de casa dar mais atenção para uma pessoa do que para ele que ele já vem correndo, latindo, abanando o rabinho e pedindo atenção. Se gente chama a gatinha ele já vem, todo bobo e serelepe, fingindo que chamamos ele para ganhar atenção. Agora quando tem outro cachorro na parada, aí ele mostra seu lado mais ciumento. Late, fica brabo, quer briga e ainda por cima peita os grandões. Sim, porque ele é um cachorrinho pequenininho e metidinho.
Analisando o Charlle e pensando no ciúmes e nos seres humanos, me deparei outro dia com uma cena identica. Só que o protagonista, em vez de ser meu cachorro era um ser humano. E obvio os coadjuvantes também eram pessoas.
Ciúmes é estranho. A gente sente de coisas, de pessoas, de lugares. Sente ciúmes sem ter motivo. Sente do que não deveria sentir e demonstra das mais variadas formas possíveis. Fica brabo, tenta chamar a atenção e tem até quem abane o rabinho que nem o Charlle.
Alguns dizem que uma pontinha de ciúmes é bom. Pode ser o tempero de um relacionamento.Outros dizem que significa demonstração de afeto. Ainda tem quem acredite que pode levar a crimes passionais.
O que mais me impressiona no ciúmes é como é difícil disfarçar e como se tende a nega-lo. Parece que ele é uma doença contagiosa, que agride, que mata ou que deforma. E não é bem assim. Ciúmes é como outros sentimentos. Ele existe e sua negação só o potencializa.
Sentir ciúmes é normal, natural e demonstra um sentimento de afeto. Sentimento esse, que se fosse tão horrendo o Charlle não abanaria o rabinho. Quer melhor prova de que é ingênuo do que essa?
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