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Pega pega com você

Hoje eu acordei meio assim… Talvez seja a chuva lá fora, os tons de cinza que preenchem o dia, ou o vento que deixa tudo mais gelado do que deveria. Revirei-me na cama, de um lado para o outro, tentando encontrar forças para levantar, mas só encontrei motivos para ficar.  É tanta saudade que insiste em me lembrar que você não mais aqui está.  Eu queria poder te falar tudo que carrego em meu peito, te contar meus medos e me aninhar em teus braços pra que juntos a gente achasse a porta de saída mais rápida. Só que a gente parou de fazer isso há muito tempo e agora jogamos um jogo perigoso onde sentimentos são silenciados e gestos escondidos. Por que parece errado te tocar quando o mais certo seria não te largar?

De jogos eu pouco entendo. Esse esconde esconde sentimentos passa longe da minha brincadeira preferida de pega pega com você. As lembranças me consomem, a vontade de te falar, de te beijar, de sentir teu corpo contra o meu, de te encontrar numa esquina qualquer, sob o luar, e te roubar um cheiro. Quando foi que mudamos a brincadeira e passamos a ser dois desconhecidos tão intimamente conhecidos? E eu não sei o que se passa na sua cabeça. Não sei as angustias do teu coração. Não entendo os sinais complexos de tuas palavras que contrariam todas as expressões do teu corpo. Se não existe mais nada entre nós, por que ainda assim, não somos capazes de verbalizar? Eu não aprendi a jogar. Só aprendi a te amar. E me sinto igual ao dono da bola sem a bola, ao cestinha do time de basquete sem fazer cestas, ao maratonista sem maratonas. Eu não sei jogar, das brincadeiras infantis eu me saia melhor sendo o bobinho. Eu continuo sendo o bobinho que fica entre tuas palavras e teu corpo, tentando de todas as formas pegar teu coração.

Sei que os jogos são brincadeiras de sedução, que os flertes são necessários e que isso tudo faz parte da conquista. Mas você já me conquistou. Então venha aqui, por favor. Me de sua mão, um cheiro, um beijo e um abraço apertado. Volte a brincar de pega pega e deixa esse esconde esconde pra trás. Venha andar de montanha russa ao meu lado porque eu sei que quando estivermos lá no alto e a queda for inevitável, se a sua mão estiver junto a minha, mesmos aos gritos de pavor, a gente aguenta o tranco e volta a subir… subir. 

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