Faz horas que devo ao blog um pouquinho de atenção, mas eram tantas coisas ao mesmo tempo que faltava tempo para chegar até aqui. Talvez nem fosse o tempo que faltasse, mas a dedicação e sentimento necessário para me encontrar aqui. Depois fiquei negando, achando clichê e porque não dizer um pouquinho brega o que eu realmente queria dizer. Mas agora é o momento certo.
Desde que me conheço por gente eu queria ser jornalista. Escrever, mudar o mundo e desvendar mistérios. Quando criança adorava essas coisas e pelas estradas tortuosas da vida me desviei do rumo, peguei bifurcações que me afastaram e foi custoso voltar ao ponto inicial. Mas eu sempre acreditei que na vida tudo tem um sentido e que, mesmo que leve um tempo, a gente sempre chega nos mesmos lugares porque está escrito no destino.
Eu cheguei. Mas tiveram inúmeras pessoas que me fizeram chegar lá. Amigos, familiares, professores e mestres. Pessoas pra quem dediquei e agradeci cada passo que dei no percurso.
Como acredito que nada é ao acaso, no meio do caminho conheci o personagem mais importante desse trajeto. Se para ele eu sou a Miss Marple de Agatha Cristie, para mim ele é a personificação do Pequeno Príncipe de Saint Exupéry. Se parar pra pensar até semelhanças físicas os dois tem. Loirinhos, com olhares de criança, que não se intimidam diante dos sentimentos e transparecem o que sentem. Correndo atrás de seus objetivos, que são simples, diretos, humildes e que ensinam lições gigantes a todos que cruzam pelo seu planeta ou pelos planetas que eles visitam. Planetas que tem donos diferentes, que tem aspectos diferentes, mas que ele por seu olhar singular sabe admirar e evidenciar tudo de melhor.
O Pequeno Príncipe de minha história lembra de mim em uma balada, logo que chegou a cidade, me descreveu como a simpática que ficou dando dicas. Eu lembro dele, antes de nossos caminhos se cruzarem, quando em um trabalho de faculdade, recebi um trecho da dissertação de mestrado para ler. Quando na bifurcação da vida nos encontramos, me identifiquei fácil com sua trajetória na primeira aula em que se apresentou e fez questão de apontar seus erros e seus defeitos, e como um sábio, um pai ou irmão mais velho, dizia subjetivamente para a gente não seguir aquele caminho que percursos melhores existiam.
Eu era nova, recém chegada, uma estranha em turmas que já tinham seus grupos fechados e que tinham limitações para aceitar estranhos. E eu não era mais uma menina. Ele também, mesmo dentro de seu grupo sendo considerado um menino. Não foi naquele dia, mas foi nesse momento que decidi, ou que ele decidiu, que seria meu orientador. E o que se seguiu depois foi obra do destino. Poucas pessoas têm o dom de encantar outras, e ele tem. Poucas pessoas são capazes de conduzir outras, e ele é. Poucos são os generosos que doam seu tempo, suas horas de sono, de lazer e de vida para os outros. Ele faz isso. Ele compra as brigas por nós, nos defende, puxa as orelhas e ensina. Não se contenta em passar conteúdos, ele quer passar vida.
Divide agonias, nos acalma nas horas certas e nos deixa na adrenalina quando é disso que precisamos. Engraçado que ele falava para mim de como eu me doava para os outros, como eu sempre estava disposta a ajudar e ajudava, de como eu era capaz de ser uma executiva. E enquanto ele falava tudo isso eu pensava "e você?". Você é tudo isso também. Um humor peculiar, que causa estranheza num primeiro momento e que depois diverte. Uma pessoa humilde, ingênua, decidida, metódica, perfeccionista e amiga. Nossa! E como é capaz de ser amigo! De estender a mão, de olhar para frente e enxergar o que as vezes mais ninguém vê. Um leitor de almas.
Foi uma grande honra ter dividido com você esse meu ano. Um ano tumultuado com tantas coisas, um ano sofrido, angustiante e decisivo. O ano em que me tornei a jornalista que queria ser desde criança. Você me conduziu pelo caminho, me ensinou cada passo, aguentou minhas indecisões, minhas dúvidas e até as TPM's... e, ainda assim, sorriu para mim. Você se tornou um amigo. Um amigo que com certeza, mesmo que os quilômetros separem, estará sempre num cantinho muito especial do meu baú de memórias, porque além da honra de ser sua orientanda tive a honra de conviver com você. Porque você é uma pessoa incrível.
E para terminar quero dizer que se eu tenho a veia jornalística como um dom, você tem a docência. São poucas as pessoas que passam pela vida acadêmica das outras e que conseguem deixar para sempre gravadas o seu nome, não como mais um professor, mas como como um verdadeiro mestre. Você é o mestre, você é o cara, e todo o seu tesão por ensinar passa pelo seu olhar na sala de aula. E todos aqueles que passam pelas suas aulas e são capazes de perceber isso se apaixonam e notam a diferença entre ser professor e ser mestre. Você muda e transforma, com todas as dificuldades e resistências daqueles que tem medo e te enxergam como um inimigo, as salas de aula e a maneira como deve ser conduzida a faculdade. O teu sucesso nessa importante missão na vida é o nosso sucesso. E se existe alguém que duvide dele é porque não tem a capacidade de viver feliz com a conquista dos outros. Você, Marco Antônio Bonito, é o pequeno príncipe da minha história, que de pequeno não tem nada, porque és grande como poucos conseguem ser.
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