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O escritório do japonês alemão

Não sei bem como tudo começou. Mas sei como terminou. Não os conheci antes, mas depois de um tempo convivendo com os dois posso afirmar com certeza: Algo ali não era normal. Existia algo diferente no ar. No principio achei que era maldade minha. Sempre fui desconfiada e preconceituosa.

Quando li o anúncio no jornal achei que era pegadinha. Estava desempregada há dois dias e não era possível que em tão pouco tempo tivesse um anúncio perfeito para mim. Pediam alguém que falasse chinês e alemão. Fosse boa com números, formada em relações públicas e com especialização em relações internacionais. Entre 30 e 40 anos, solteira, sem filhos e com disponibilidade para viagens. E melhor não tinha horário fixo e o salário era algo com quatro dígitos bem atraente.

Liguei na mesma hora. Mal falei pediram para falar duas frases em chinês e alemão e marcaram a entrevista para a tarde. Demorei a acreditar. Dois dias desempregada e já tinha uma entrevista marcada apara aquela tarde. Nem curti direito minha situação atual e nem deu tempo em entrar em depressão. Mas aquela era uma chance única e perfeita.

Demorei a escolher a roupa aquele dia. Precisava impressionar, mas não podia esbanjar e muito menos parecer fútil. Lembro que cheguei cinco minutos antes da entrevista e depois de uns vinte eu já estava preenchendo a ficha de funcionária e entregando minha documentação.

Meus novos chefes eram estranhos. Um alemão e o outro chinês. Mal se entendiam. Não compreendiam a língua um do outro, e mal falavam o português. Eram estranhos. Mas de alguma forma aquela sociedade andava de vento em polpa. Minha tarefa era falar com clientes chineses e alemães e oferecer nossos serviços de festa. Sim fazíamos festas em outros países. Festas brasileiras com mulatas, samba, churrasco e muita caipirinha.

Depois de fechar o pacote, acertar os detalhes, então eu passava o cliente para o seu compatriota e ele fecha os últimos detalhes. Algumas festas, talvez eu devesse acompanhar. Mas não sempre.

Tudo parecia normal. Mas eu sabia que havia algo errado. Algo que eu não compreendia. Ou pelo menos não queria ver. Sempre depois das festas algumas mulatas sumiam da agência. Não apareciam para receber seu pagamento ou simplesmente quando eram chamadas para outro evento desligavam na minha cara.

Depois de uns três meses aconteceu minha primeira viagem. Fui para Berlim. Acompanhei com muita atenção a montagem da festa. Durante todo tempo não consegui ver nada de errado. Percebi que todos se divertiam e que tudo foi muito bem. Depois de umas três horas de festa fui para o hotel. No outro dia cedo acompanhei todos os passos para desmontar equipamentos, a faxina do local e o embarque de todos que tinham ido comigo. Nada de anormal.

Passaram uns seis meses e me mandaram novamente para Berlim. Íamos fazer a mesma festa. Para as mesmas pessoas. Mas o cliente exigia minha presença. Achei normal. Talvez ele tivesse gostado do meu trabalho, da minha atenção. Achei estranho quando a ordem de pagamento entrou com o dobro do valor acertado. Meu chefe alemão disse que era um presente do cliente pelo ótimo serviço que estávamos prestando. De qualquer forma, lá fui eu para Berlim.

Organizei toda a festa. Acompanhei o inicio e como estava me sentindo muito cansada, resolvi ir para o hotel mais cedo. Quando estava saindo, o cliente me chamou e me ofereceu um drink. Por educação aceitei.

Não sei o que aconteceu depois. Agora estou aqui. Presa nesse quarto escuro, tentando não enlouquecer e quebrando a cabeça para ver uma alternativa de escapar. Virei uma escrava sexual. Fui vendida pelo meu chefe. Eu sempre soube que havia algo estranho. Mas nunca imaginei isso.

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