Resolvi leiloar o meu coração.
Como a joia rara que é, o deixei de molho por um tempo, em uma mistura salina. Depois lavei, cuidadosamente, removendo toda a sujeira acumulada em relacionamentos tóxicos. Coloquei para secar ao sol da primavera. Dei um banho de lua nova e então o poli em inúmeras sessões de terapia.
Me descuidei algumas vezes onde o deixava. Poeiras, disfarçadas de purpurinas, tentaram cobrir sua superfície. Espanei com risadas, beijos aleatórios e conversas sem futuro. Mas o problema era o lugar que ele estava.
Então construí uma caixinha, tão preciosa quanto ele, baseada em aceitação, conhecimento próprio, autorresponsabilidade e paixão. Por mim.
Agora resolvi leiloar. Deixar que outra pessoa desfrute de todo o amor que carrega.
Leva, quem pagar mais!
O lance mínimo é estar sempre a esquerda, ser empático, boas conversas, piadas internas e risada frouxa. Saber ouvir, capacidade de falar sobre sentimentos, expectativas e vontades?!
Dou-lhe uma…
O cidadão ali oferece também acordos claros, honestidade e lealdade?
Dou-lhe duas…
Sabe o que quer e está disposto a construir uma relação?
Dou-lhe três…
Arrematado pelo cavalheiro que é adulto funcional e não precisa que eu diga o que tem que ser feito.
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