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Brasil dos hipócritas: jornalismo não é brincadeira de criança

Bom. Pelo menos agora eu não preciso voltar para a faculdade. Sou boa no que faço. Tenho o dom e experiência. O que mais me falta? Sou uma jornalista. Claro, por que não? Agora quando tiver que preencher formulários que perguntam a profissão, em vez de estudante vou responder: jornalista. Afinal não é o que eu quero ser?

Sinto pena que botei 3 anos da minha vida no lixo, estudando numa universidade, me qualificando e procurando me aperfeiçoar na profissão que escolhi. Também sinto muito por toda a incomodação que tive com “burrocrácia” esse ano pra tentar transferir e concluir a faculdade.

Fico penalizada pelo país em que vivemos. Mas, se para ser Presidente dele, não se precisa nem de ensino médio completo, por que se exigiria para outras profissões. Agora acho que quero ser médica. Vou em um hospital, arranjo um emprego e saiu medicando pessoas. Algumas eu posso até salvar, afinal minha intuição é boa. Mas antes disso vou matar umas quantas... Pra aprender é claro...

“Ah... Mas a medicina lida com a vida das pessoas”, o jornalismo também. “Ah... Mas o médico precisa estudar anos pra salvar vidas”. O jornalista também. “Mas não dá pra comparar... na medicina qualquer erro pode matar alguém”. E no jornalismo não? Qualquer coisa vinculada num meio de comunicação deve ser muito bem checada antes pra não causar alardes falsos. Se amanhã eu resolvo dizer que o Fulano estuprou alguém? Eu tô ferrando com a vida do fulano. Alguém pode se enlouquecer e matar ele na rua pela minha notícia.

Mas pensando bem eu quero ser Ministro do Supremo Tribunal Federal. Afinal se eles acham que um jornalista não precisa estudar por que eu tenho que achar que um ministro precisa. Garanto que eu faria um trabalho muito melhor por lá. Pelo menos tentaria não afundar mais ainda um país que já está no buraco.

Não. Essa revolta não é apenas porque eu estudei, tento voltar e quero ser uma jornalista com diploma. Essa revolta é porque esse é o Brasil deles. Um Brasil de hipócritas que continuam querendo um povo burro, fácil de manipular e sem preparo nenhum. E uma das melhores coisas é não qualificar quem vai mexer na cabeça do povo. Afinal, quer maior meio de manipulação de massas do que a imprensa?

Sinto muito. Pelo povo. Não é uma briga minha. Essa deveria ser a briga de toda uma sociedade. A briga de uma comunidade que, quer sim, pensar sozinha e lutar por seus direitos. A luta de pessoas que realmente buscam por igualdade e um lugar ao sol. Pessoas que respeitam os direitos do povo.

Só me questiono uma coisa: numa sociedade onde, cada vez mais, exigem qualificação para empregos com salários baixíssimos. Onde frentistas, atendentes de telefone, faxineiros, coveiros e lixeiros precisam fazer cursos de qualificação. Por que uma profissão que lida com a vida e forma opiniões não precisaria?

Vamos logo acabar com todos os cursos superiores, profissionalizentes e técnicos. Cada um faz o que quer. É só dar na veneta. Todo mundo brincando com a vida de todo mundo. Fazendo experiências e vendo no que dá. Jornalismo não é brincadeira de criança. É preciso ética, entender preceitos e acima de tudo saber o que se está fazendo.

Sinto muito Srs Ministros mas agora foi demais...

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