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A solução dos problemas masculinos

Não havia nenhum indicio que ela me daria bola. Bem pelo contrário. Em minhas primeiras investidas, diretas, sarcásticas e apimentadas,  ela sempre tirava o corpo fora. Arranjava um jeito de me cortar ou desconversava. Mas eu não desistia.  Quando quero uma coisa sou persistente e manipulador. Talvez um pouco inconveniente muitas vezes. Mas não desisto. Só desisto quando consigo ou perde a graça.

O problema é que ela não perdia a graça nunca. Ao contrário. Cada vez aumentava mais o meu desejo e a vontade de possuir de qualquer forma aquela mulher. E aos poucos ela foi abrindo brechas e do jeito cruel e seco de me cortar passou a dar trela. Em algumas vezes se arrependia e sentia-se assustada voltando a estaca zero. Mas aquilo só me enlouquecia mais.

Não sei quando foi, mas um dia, depois de tantas insistências ela cedeu. Cedeu não seria bem a palavra, mas me deu a chance de sentar em um bar e conhecer mais do meu objeto de desejo. Foi nesse momento que a coisa piorou. Ela deixou de ser um par de lindos seios robustos e exuberantes para se tornar uma mulher com pensamentos fortes, vida decidida e lindos e profundos olhos. Uma personalidade marcante, cheia de vida 'causos' e prosas. Me perdi. Nas histórias, na bebida e na imensidão dos seios dela.

Não tinha hora em que eu não pensasse nela. Não havia minuto em que eu não ligasse tentando implorar pela sua companhia. A resposta era sempre a mesma: Um não bem redondo e uma risada gostosa, meio nervosa e bem caliente que só aumentava mais a minha libido.

Os dias passando, o desejo aumentando, as conversas mudando. Um clima rolando no ar. Não conseguia mais entender e, apesar de não gostar de mulheres fazidas, ela ficava me enrolando e eu adorava aquilo. Quanto mais corda eu dava, mais ela me enrolava, mais eu gostava  e sentia que a minha hora ia chegar. Cedo ou tarde ela ia se entregar.

O máximo que consegui foi um beijo. Um beijo e sentir bem de perto a temperatura, muito alta, de seu corpo.  Um beijo e o gosto da sua boca. Um beijo e o cheiro de sua pele. Um beijo e o pulsante coração que batia em seu peito tremulo. Um beijo e um sussurrar de prazer enquanto lentamente tocava seu corpo. E parou por aí. Nada mais. Nenhuma chance de leva-la para o tão sonhado colchão redondo de um motel.

Depois do beijo as coisas mudaram de lugar.  Ela disse que me queria. Que precisava viver aquela história e que o beijo não saia da cabeça dela. Depois falou do medo de se envolver, de se machucar e todos aqueles papos que só mulheres dizem e que homens não conseguem entender. Ou pelo menos fingimos que não entendemos.

Ela começou a me procurar e eu comecei a tirar o corpo fora. E confesso que ao encontra-la em algum lugar ficava nervoso e não sabia como agir. O que se passava comigo afinal? Não seria mais fácil simplesmente resolver essa história como tantas outras? Satisfazer o desejo dela e o meu?

Ela tentou. Desistiu e tentou de novo. E foi assim que ela tirou meu chão. Foi assim que ela me deixou sem saber o que pensar e com uma vontade danada de encher a cara e esquecer o mundo real.

Não consigo entender se a amo ou a odeio por isso. Me colocou na parede, falou tudo que realmente sentia e queria. E a única coisa que ela pedia era uma resposta sincera. Levei dois dias para digerir todas aquelas informações. Um surpresa extrema. Fiquei sem reação. Só consegui pensar em o quanto me senti pressionado. O quanto não esperava conhecer alguém tão sincero, real e intenso em minha vida.

Se sinto algo por ela? Óbvio e claro que sim. Visivelmente me transtorna a presença dessa mulher. Mas não consigo saber o que fazer, como reagir e de que forma agir.

Tenho medo de encara-la. Tenho medo de como essa história pode terminar. Não consigo pensar. Algo ficou inacabado. Algo que talvez nem tenha começado. Ainda não sei que respostas dar a ela. Ainda não sei o que fazer. Não sei como agir e se eu topar com ela em algum lugar não tenho a menor noção do que fazer. E por mais que eu tente as palavras dela martelam na minha cabeça e nada novo e original me surge. Nenhuma luz. Nenhuma resposta. Tenho vontade de ligar, tenho vontade de dormir. Preciso me desligar dessa história.  

Por isso, seu garçom, enche o copo mais uma vez...

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