Estou há três semanas, praticamente, sem internet em casa. Tenho acompanhado meus mails e recados do orkut filando o computador de um ou outro conhecido nos finais de semana. Depois desse tempo, inúmeras visitas do técnico, explicações sem o menor sentindo, formatar o micro duas vezes e mais tentativas frustradas de resolver o problema, tudo continua uma droga.
Acesso a internet com muita dificuldade. O computador tranca a toda hora. Perdi documentos importantes, mais uma vez, e me sinto como um peixe fora d'água. Não consigo baixar o msn e muito menos atualizar o anti vírus. O orkut não entra. Além de ter toda a questão do blog e da minha vida social, que desde que cheguei aqui, só acontece virtualmente, tem também a dependência. Para tudo hoje se precisa da internet, do computador.
A dependência que criamos das tecnologias é algo incrível. Sem elas nos sentimos fora do mundo, deprimidos e até isolados socialmente. Sim. Ninguém escreve mais cartas. Manda-se mails. Não se usa mais o telefone. Se manda mensagens, se fala pelo msn. Não se precisa contar as coisas para os amigos, eles acompanham pelo orkut. A maioria das pessoas gasta pelo menos uma hora de seu dia na internet, se atualizando, sabendo das coisas, procurando informações, e hoje, até para se pedir uma tele-entrega se usa a web.
É algo espetacular, mas as vezes assustador. Essa dependência mostra como somos seres sem imaginação e ao mesmo tempo tão criativos. Mostra os dois lados da moeda. Como podemos questionar tanto a sociabilidade virtual e ao mesmo tempo nos sentirmos tão isolados sem ela. Como antes usávamos o papel e a caneta e hoje sem o teclado e o programa de edição de texto parece que não sabemos escrever.
A questão é que algo que a um tempo nem existia, hoje, se torna primordial em nossas vidas. Nos torna dependentes como uma droga. E sentimos tanta falta dela, que chegamos a ter a síndrome da abstinência, tal e qual como se tivéssemos ficado sem consumi-la. Aí me lembro de todos os filmes de ficção sobre a revolução das maquinas, Matrix, Inteligência Artificial, O Homem Bicentenário, Exterminador do Futuro... O que realmente terá de verdade neles? Será que evoluiremos a ponto de esquecer de olhar para o céu e nos tornarmos escravos da tecnologia. Escravos já somos, inconscientemente, mas somos.
Se um dia as maquinas, realmente, nos dominarem a culpa foi nossa. Minha com certeza. Afinal sou viciada, preciso de tratamento e acho que voltarei a escrever cartas. Assim quem sabe, de alguma forma, eu me lembre de ter papel e caneta para as horas que o computador travar e as ideias brotarem.
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